“O equilíbrio financeiro não depende de quanto recebemos, mas de como gastamos o que recebemos.”
========== - Você sabe o que é gastar? - Sim! Gasto o dinheiro que eu ganho todos os meses.
- Quanto gastou este mês?
- Além das despesas fixas, que continuam no mesmo valor, somente fiz três compras adicionais. Como os valores eram elevados, decidi parcelar em 4 vezes.
- Quais foram os valores dessas compras?
- A COMPRA 1 foi por R$ 500,00, parcelada em 4x R$ 125,00 - A COMPRA 2 foi por R$ 400,00, parcelada em 4x R$ 100,00 - A COMPRA 3 foi por R$ 300,00, parcelada em 3x R$ 100,00
- Quanto você acredita que gastou a mais este mês?
- Eu gastei a mais R$ 325,00 (125,00 + 100,00 + 100,00)! Está correto, não?
- Mmm... vamos conversar um pouco e você me responde! ==========
Esse diálogo é rotina durante nossos atendimentos.
O objetivo das perguntas é saber se a pessoa tem noção do tamanho das suas despesas ao longo do mês. A pessoa gastou R$1.200,00 a mais ou somente R$325,00? E nos meses seguintes, será que deverá pagar a mais por essas compras?
GASTAR e PAGAR. Parecem a mesma coisa, só que não!
Às vezes, gastar e pagar atingem o mesmo valor e noutras os valores são diferentes. Isso parece pegadinha, porém, se não for bem entendido, é a origem da armadilha do endividamento!
No mês em que compramos tudo à vista, gastamos o mesmo valor que pagamos. Se nesse mês dividimos alguma compra em parcelas, gastamos mais do que pagamos.
Um exemplo pode ajudar a entender melhor: Compro um produto que custa R$100,00 e parcelo em 5 vezes de R$20,00. No mês que fiz a compra desse produto, gastei R$100,00, mas não paguei nada. Nos cinco meses seguintes, não gastarei por esse produto já comprado, mas pagarei R$20,00 cada um desses meses.
Ou seja, gastar e pagar não é o mesmo. Uma coisa é gastar (utilizar recursos para adquirir um bem o serviço, onde considero seu valor total) e uma outra, diferente, é como faço para pagar essa compra.
Por que é importante diferenciar gastar de pagar?
Geralmente esses termos são confundidos e essa confusão leva a acreditar que se está gastando menos.
Isso acontece porque, na hora de fazer uma compra parcelada, nosso cérebro faz uma conta esquisita: compara o valor da parcela com a ideia que tem sobre nosso rendimento bruto. E, nas compras do nosso dia a dia, o valor dessa parcela quase sempre cabe.
O que o cérebro não calcula é a soma de todas essas “pequenas parcelas”. Sabe por que não faz isso? Porque isso gera sofrimento/angústia e... nada melhor que não saber para não sofrer!
Além disso, também incide o fato de que o crédito, em todas suas formas (cartão, crediário, empréstimo consignado ou pessoal etc.), funciona como anestésico da “dor do pagamento”[1].
O que fazer para não se confundir e cair na armadilha do crédito?
Eduque-se financeiramente. Informe-se sobre as ferramentas financeiras de uso mais comum (crédito, crediário, cartão de crédito, Pix), como utilizá-las, das suas vantagens e dos seus riscos. Assim como lê o manual de uso do seu celular, procure informar-se sobre como utilizar estas ferramentas corretamente.
Organize seu orçamento. Saiba quanto recebe líquido, quais são suas despesas básicas (as necessárias para sobreviver), suas despesas supérfluas (aquelas menos importantes do que as básicas) e quais são as parcelas a pagar (no mês atual e nos meses seguintes).
Comprar parcelado compromete rendimentos futuros. Cada vez que compra parcelado está comprometendo rendimentos que ainda não recebeu (ao comprar por R$100,00 em 4 vezes, está comprometendo R$25,00 dos próximos 4 salários). Saiba quanto já comprometeu dos seus futuros rendimentos e, assim, evitará ter que pagar mais do que receberá.
No mês em que faz uma compra parcelada, gasta o valor completo. Lembre-se do que já falamos: uma coisa é o valor da compra e outra coisa é o valor da parcela. No mês da compra, você gastou o valor total desse bem ou serviço.
Planeje suas compras. Organizando seu orçamento, saberá quanto tem disponível depois de pagar suas despesas básicas, as parcelas de compras anteriores e as despesas supérfluas. Para acrescentar uma nova despesa e poder manter um orçamento saudável (gastando menos do que recebe), deverá garantir que esse novo valor cabe dentro do orçamento atual e, se parcelar, as parcelas deverão caber nos meses seguintes, até o vencimento da última parcela.
Questione-se: quero ou preciso disso? Muitas vezes nossas compras são definidas por pressões sociais, familiares ou pela propaganda agressiva. Antes de decidir uma nova compra, pare, respire fundo e questione-se sobre quais os benefícios dessa aquisição. Uma dica: deixe passar 24 horas e faça o questionamento novamente!
Tenha objetivos. Objetivos de curto, médio e longo prazo funcionam como uma bússola, pois indicam o caminho que você decidiu seguir. Portanto, o que é realmente importante para você? Quanto isso custa? Quando vai acontecer? Essas respostas facilitarão demais o “NÃO” para aquelas compras que menos importantes.
A parcela deve caber no orçamento. Como já falamos, lembre-se de que parcelar significa comprometer rendas futuras e o futuro é incerto. Portanto, não adianta sair comprando porque vai dividir em muitas parcelas “pequenas” se essas parcelas não caberão dentro do orçamento dos restantes meses. A compra virará pesadelo e o endividamento baterá à porta!
Crie uma reserva financeira. A reserva protege seus objetivos assim como seu orçamento. Dado que o futuro é incerto, ofereça-se a possibilidade de poder enfrentar uma eventualidade sem se endividar para resolvê-la. Também, em caso de uma diminuição na renda, poderá quitar as parcelas já contratadas.
O crédito com planejamento, organização e cuidado pode ser uma excelente ferramenta para alcançar novos objetivos e, no médio ou longo prazo, aumentar seu patrimônio. Mas sem os cuidados necessários pode virar dependência e pesadelo.
Para encerrar...
Lembra da pergunta: Quanto você acredita que gastou a mais este mês?
A resposta: R$1.200,00.
Ficou com alguma dúvida? Pode ler a matéria mais uma vez ou fique à vontade para entrar em contato conosco.
SEU BEM-ESTAR FINANCEIRO É O NOSSO PLANO!
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Silvio Bianchi é Pós-graduado em Educação e Coaching Financeiro, Contador Público, Master Coach, Coach Financeiro, Treinador e Palestrante. Cofundador de BEM Financeiro – Desenvolvimento em Finanças, responsável pelo escritório em São José dos Campos - SP (Vale do Paraíba).
[1] Artigo: Está preparado para usar o crédito? – Blog do BEM: https://bit.ly/post_credito
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